Atualmente, em nível global, a mobilidade humana é um dos temas mais importantes em termos de suas implicações. As migrações aumentaram significativamente, com diversificação de origens e destinos. Durante o século 21, a mobilidade humana aumentou, adotando novos modos de movimentação. Embora a motivação para a migração internacional contemporânea ainda seja claramente de natureza econômica, não é menos verdade que nas últimas duas décadas o número de migrantes forçados, pessoas deslocadas por várias razões e pessoas forçadas a fugir em busca de proteção por vários motivos de perseguição também aumentou. Isto revela não apenas o aumento do volume, mas também a expansão das condições que lhe dão origem, tornando-o um fenômeno que tem um impacto global. A mobilidade humana inclui requerentes de asilo e refugiados, e pessoas forçadas a se deslocar por razões ambientais, catástrofes ou conflitos de guerra em qualquer de suas formas. Por esta razão, autores como Zygmunt Bauman afirmam que o aumento da mobilidade em massa de refugiados e requerentes de asilo é produzido pela crescente lista de "estados em colapso" ou já colapsados, territórios sem Estado e sem lei, cenas de conflitos tribais (cartel) e sectários, de assassinatos em massa.
Nas sociedades de destino, migrantes, refugiados ou beneficiários de proteção internacional tendem a ser considerados como estranhos, gerando diferentes formas de reação a eles, desde as mais solidárias até as extremas rejeições, como xenofobia, aporofobia e outras formas de discriminação. Com relativa frequência, nos países anfitriões e em suas respectivas sociedades, há uma falta de consenso sobre como tratar e administrar a chegada desta população estrangeira. Para os estados receptores, esse fenômeno pode representar uma situação inédita para a qual suas instituições não estão preparadas, enquanto para seus habitantes pode significar alterações em seu cotidiano. Como é sabido, os países mais pobres são os que geram maior mobilidade humana, mas ao mesmo tempo, paradoxalmente, eles também tendem a ser os que mais recebem imigrantes, refugiados e deslocados.
Embora exista uma literatura considerável sobre mobilidade humana, esta edição especial se concentra na análise das motivações que podem estar por trás da expulsão em massa de populações. Em outras palavras, uma visão abrangente que tenta explicar e compreender este fenômeno a partir das experiências dos migrantes e refugiados e da perspectiva da população que os recebe.
Nesse sentido, os artigos devem apresentar uma análise do significado, das causas, dos motivos –tanto subjetivos e objetivos– da mobilidade humana, e / ou dar conta das implicações que ela pode ter para as sociedades de destino.